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Brincar é coisa de criança, e de adulto também! O valor da brincadeira na vida e nos espaços de Educação Infantil
“feijão” e “bolo”. Nos davam os pratinhos e esperavam
que comêssemos e disséssemos que estava delicioso.
Percebi como eles nos observam também. Fazem exa-
tamente como nós fazemos durante o almoço e repetem
as nossas falas (Caderno de Registro, Creche UFF, 2011).
Nas brincadeiras de faz de conta, como no exemplo anterior,
observamos que a criança começa a agir “independentemente
daquilo que ela vê” (Vygotsky, 1991, p. 110), libertando-se da
percepção imediata dos objetos ou da situação concreta que a
afeta no momento.
Desinventar objetos.
O pente, por exemplo.
Dar ao pente funções de não pentear.
Até que ele fique à disposição de ser uma begônia.
Ou uma gravanha.
Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma.
(Barros, 2010, p. 300).
Isso é possível porque a criança passa a agir em torno dos novos
significados que atribui aos objetos, expressando-os através de ges-
tos e palavras. É principalmente a linguagem oral que torna possível
o faz de conta, a experiência de ser outro, transformar uma coisa
em outra. É assim que um pedaço de pano, enrolado pela criança
e posicionado no seu colo, passa a ser um bebê, um lápis torna-se
um jogador de futebol, uma folha transforma-se em comida, e por aí
vai. A criança passa a separar a palavra do objeto a que ela se refere.
As crianças do G1 estão no pátio interno da creche,
brincando livremente. Algumas ajudam as professoras a
enfeitar o espaço para a festa que irá acontecer ali, mais
tarde. Sonia entra em um cubo grande vazado e se sen-
ta. Fica ali brincando com um pedaço de bola de encher