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Brincar é coisa de criança, e de adulto também! O valor da brincadeira na vida e nos espaços de Educação Infantil
especificamente para as crianças (artefatos, filmes, programas
de televisão, roupas, instituições de acolhimento e suas práticas
educativas etc.) e as culturas de pares. Estas últimas se consti-
tuem pelos conhecimentos, valores, artefatos e formas de ação
partilhadas entre as crianças e que as identificam como um grupo
social particular, que tanto é parte da infância contemporânea,
sofrendo as marcas de tudo que a constitui, quanto de um con-
texto específico no qual vivem cotidianamente suas infâncias.
Esses contextos específicos podem ser a creche, a pré-escola, a
rua, a praça etc.
A brincadeira, como dimensão fundamental da ação das
crianças sobre o mundo, é um dos pilares das culturas infantis
(Sarmento, 2002), uma vez que é uma atividade por meio da
qual as crianças se fazem sujeitos. Ou seja, humanos e crianças
inseridas em uma cultura e produtoras de culturas próprias.
Mas ninguém brinca “do nada”, como se fosse algo inato
ao sujeito. Há uma cultura que é preexistente à brincadeira
(Brougère, 2002) e que a torna possível, mesmo quando a crian-
ça brinca sozinha. A brincadeira é uma atividade cultural que su-
põe uma aprendizagem. Quando participam de brincadeiras com
os membros mais experientes da sua cultura (pais, irmãos etc.),
as crianças entram em contato com as práticas lúdicas histórica e
culturalmente construídas e aprendem a brincar, apropriando-se de
modos de interação específicos das brincadeiras. Sim, as crianças
aprendem a brincar, a controlar um mundo simbólico, incorpo-
rando um conjunto de regras, significações e modos de comu-
nicação próprios ao brincar! Para brincar, é preciso dominar e
partilhar essa “cultura lúdica”, esses modos de brincar.
As primeiras aprendizagens relativas ao brincar se dão geral-
mente no núcleo familiar e social das crianças bem pequenas.