Brincar é coisa de criança, e de adulto também! - page 10

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Angela Borba
Iniciam-se desde que a criança nasce: quando lhes mostramos
objetos para lhes chamar a atenção e os colocamos em suas mãos
para que manipulem, quando “conversamos” com elas, cantamos
para elas canções de ninar, brincamos de esconder cobrindo o
rosto com panos ou outros tipos de anteparo, interagimos com
elas através dos brinquedos cantados, como “serra-serra-serrador”
etc. Assim, as crianças vão se apropriando de um repertório de
esquemas lúdicos de interação que lhes permite iniciar e partici-
par de brincadeiras com outras crianças e adultos.
As crianças também aprendem, através da experiência de
brincar, as características definidoras da brincadeira que, de
acordo com alguns teóricos, são: seu
caráter fictício
, de rompi-
mento com a realidade e de criação do faz de conta, que passa
a ser uma nova realidade, a realidade imaginada; a
liberdade de
escolha
, pois se brinca porque se deseja brincar, escolhem-se os
papéis, os objetos etc., ou seja, são as crianças que controlam a
brincadeira; a
flexibilidade
, pois é possível transformar consen-
sualmente as formas do brincar para atender às necessidades
das crianças; a
necessidade de acordo
entre os parceiros; a
repe-
tição
, pois na brincadeira sempre se pode voltar ao início, fazer
de novo, sem que a realidade se modifique; o
não compromisso
com resultados
, a não produtividade. Brinca-se para brincar!
No momento em que o pedagogo tenta controlar a brincadeira
para atingir resultados esperados, desfaz-se o encantamento.
Vamos agora olhar mais de perto para os grupos de brinca-
deira, para as brincadeiras coletivas, para compreender melhor a
noção de culturas infantis. Vejamos os fragmentos a seguir, que
descrevem parte de uma cena observada no parquinho de uma
instituição de Educação Infantil.
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