Brincar é coisa de criança, e de adulto também! - page 14

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Angela Borba
Colocam em prática a partilha, a solidariedade, a autonomia,
mas também as relações de poder. Partilham um imaginário,
reinterpretando a sociedade em que vivem e as ordens insti-
tuídas. Formam, assim, uma pequena sociedade dentro de uma
sociedade maior, produzindo cultura própria, sendo agentes de
sua experiência social e cultural.
O valor da brincadeira no processo de desenvolvimento
e aprendizagem da criança
O ser humano é um ser social, inserido em determinado gru-
po social, pertencente a um espaço e a um tempo particular, em
cujo contexto traça o percurso do seu desenvolvimento. Assim,
um bebê quando nasce não é apenas um ser dotado de possibi-
lidades biológicas características da espécie humana, é também
uma pessoa que já encontra, no seu entorno, uma estrutura social
constituída por pessoas, objetos e espaços que se organizam e se
relacionam por meio de significados e práticas sociais cultural-
mente construídos na história humana e na história particular
do seu grupo de referência. Essa criança, nas interações que es-
tabelece com o ambiente social ao seu redor, inicia um processo
de participação e apropriação da cultura, pelo qual tornará seus
os modos sociais de pensar, agir, sentir, interpretar e se relacionar
com objetos, espaços e outros sujeitos.
O desenvolvimento individual não segue, assim, uma linha
predefinida, uniforme e universal, mas se constrói na articulação
estreita com a história e a cultura. Esta forma de compreender
o desenvolvimento humano baseia-se na abordagem histórico-
-cultural, cujo principal representante é o pensador russo Lev
Vigotski. Esse autor busca compreender os processos pelos quais
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