Brincar é coisa de criança, e de adulto também! - page 24

64
Angela Borba
A brincadeira é incluída no planejamento pedagógico ou se faz
invisível no cotidiano das práticas? Quando incluída no planeja-
mento, que tipo de brincadeira é valorizado? Os educadores brin-
cam com as crianças, observam suas brincadeiras, exercem um
papel mediador? Partilham com as crianças as brincadeiras que
constituem nosso patrimônio cultural? Permitem que as crianças
criem as próprias brincadeiras?
Um primeiro aspecto a ser observado se relaciona aos espaços,
que devem acolher, provocar e alimentar as brincadeiras e a ima-
ginação das crianças. Para tanto, é preciso que sejam colocados à
disposição das crianças não apenas brinquedos, mas diferentes ma-
teriais e objetos. O critério para a escolha desses elementos é que
ofereçam diferentes possibilidades de interações, uso e recriações
nas mãos e no pensamento das crianças. Além de brinquedos, obje-
tos como caixas, panos, fantasias, adereços, objetos da vida cotidia-
na funcionam como importantes suportes para ações e invenções.
Os espaços devem ser acolhedores, alegres, funcionando como
um convite à iniciativa das crianças e às interações que estabele-
cem entre elas e com os objetos ali dispostos. Dessa forma, incen-
tivam a liberdade de escolher e de organizar suas ações e intera-
ções, contribuindo, assim, para a construção de sua autonomia.
É necessário também que os espaços reflitam os interesses e
as formas de expressão das crianças, abrindo diferentes possi-
bilidades de apropriação, conforme os caminhos trilhados pela
imaginação e pela criação. Dessa forma, eles devem ser abertos,
servindo a diversos cenários, narrativas, situações, papéis e cons-
truções. Seus limites são dados pelas possibilidades sensoriais,
expressivas, afetivas, cognitivas e simbólicas das crianças. O es-
correga, por exemplo, além de escorrega, pode se transformar em
nave, navio, casa, castelo, entre outros.
1...,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23 25,26,27,28,29,30,31,32
Powered by FlippingBook