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Brincar é coisa de criança, e de adulto também! O valor da brincadeira na vida e nos espaços de Educação Infantil
mundo. Para mediar a brincadeira, é preciso participar, penetrando
na lógica infantil, apoiando suas ideias, acrescentando outras, a par-
tir de uma escuta sensível, guiada pelos modos próprios de ser e
interrogar o mundo das crianças. Com o desejo de controlar a
brincadeira, introduzindo conteúdos que achamos importantes,
podemos interrompê-la, quebrando as características que a de-
finem e impedindo a riqueza de significados e interações entre
as crianças. É importante identificar as intenções das crianças e
corresponder ao seu convite. Alguns exemplos: quando as crian-
ças nos entregam um pratinho e fingimos que comemos, dizendo:
“Que gostoso, quero mais um pouquinho!” ou: “Agora eu que-
ro um suco”, introduzindo novo elemento; quando as crianças
brincam de “casamento”, estão organizando uma festa e nos con-
vidam para sermos a “madrinha”, podemos participar sugerindo
materiais que possam ser interessantes na confecção do bolo, das
roupas etc., sempre dentro dos contornos do imaginário; quando
as crianças brincam de andar de velotrol, fazendo o mesmo cir-
cuito, podemos entrar na brincadeira, sugerindo novas rotas, fa-
zendo o “sinal de fechado ou aberto”, ou então criando um túnel,
entre outras possibilidades.
Esperamos ter mostrado a riqueza da experiência do brincar
e seu significado como espaço de criação, imaginação, expres-
sividade, relações, reflexões, conhecimentos, desenvolvimen-
to e aprendizagem. A separação entre brincadeira e trabalho
perde o sentido quando compreendemos o valor da brincadeira
na vida humana. O questionamento de muitos pais, que é tam-
bém de muitos educadores, de que as instituições que enfatizam
a brincadeira estão deixando de lado a aprendizagem perde for-
ça, se entendemos a intencionalidade das dimensões espaciais,
relacionais e temporais envolvidas no planejamento que incorpora