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Brincar é coisa de criança,
e de adulto também!
O valor da brincadeira na vida e nos
espaços de Educação Infantil
Angela Borba
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e
limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver
pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê.
Otto Lara Resende
A relação estreita entre poesia e infância ou, de forma mais
ampla, entre arte e infância, é um caminho usado por muitos
artistas como fonte de criação e de compreensão do seu traba-
lho. A criança e o artista têm a capacidade de enxergar o que os
outros não veem. Por quê? Talvez porque ambos tenham a capa-
cidade de olhar o mundo com a liberdade de inventar, transfor-
mar, inverter a ordem das coisas.
Nosso tema é infância e brincadeira. Para iniciar nossa con-
versa, cabe a pergunta: conseguimos enxergar o verdadeiro signi-
ficado de ser criança? Ainda sabemos o que é brincar? Ou nossos
olhos estão gastos no dia a dia, turvados pelas lentes de nossas
teorias e práticas que, muitas vezes, nos distanciam da percepção
sensível das crianças e de seus modos próprios de ver, sentir, agir
e pensar?