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Angela Borba
mais específicos. É, portanto, um patrimônio cultural constituído
por produtos e formas de ação tipicamente humanas que, ao se-
rem partilhados, permitem que os sujeitos desenvolvam ativida-
des conjuntas e construam suas práticas sociais.
Como é próprio da sua natureza histórica e cultural, a brin-
cadeira sofre variações no espaço e no tempo. Nos diferentes
espaços, um olhar mais atento às brincadeiras que ali se de-
senvolvem nos leva à identificação de marcas da história e da
cultura de cada lugar. Ainda que possamos identificar brinque-
dos e brincadeiras comuns a espaços diferentes, constataremos
variações e especificidades significativas. Estudos comparativos
entre brincadeiras tradicionais de diferentes regiões e estados
brasileiros, por exemplo, revelam marcas de uma grande diver-
sidade cultural
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. O projeto “O Mapa do Brincar” (2011), desen-
volvido pela Folhinha, suplemento do jornal
Folha de S. Paulo
,
realizou um levantamento de 550 brincadeiras, com a descrição
de semelhanças e diferenças em diversas regiões. Só na região
Sudeste foram identificadas 19 formas diferentes de se jogar
amarelinha: em relação ao desenho, há formatos de caracol,
quadrado e geométricos; a quantidade de casas também varia e
o desenho pode ser feito com giz, tinta ou graveto; as palavras
“céu” e “inferno” geralmente são escritas no começo e no final
do desenho, mas, em algumas localidades, as crianças escrevem
as palavras “mundo”, “sol” e “lua” nessas áreas; existem varian-
tes nas regras e estas, de modo geral, seguem o esquema de pular
saltando com um e dois pés ou chutando; usam-se pedra, caco,
casca de banana ou saquinho para marcar os deslocamentos;
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O trabalho do sociólogo Florestan Fernandes, As trocinhas do Bom Retiro (1979), é pioneiro
no Brasil na investigação da cultura infantil através da observação das brincadeiras e análise
sociológica dos grupos infantis no cotidiano do bairro do Bom Retiro, em São Paulo.
