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Brincar é coisa de criança, e de adulto também! O valor da brincadeira na vida e nos espaços de Educação Infantil
os sujeitos se apropriam de comportamentos tipicamente huma-
nos, ou seja, aqueles que marcam a nossa diferença no mundo.
Entre essas formas de comportamento humano, Vigotski (1991)
destaca a atividade simbólica, principalmente a linguagem oral,
como aquela que invade as formas mais simples e primitivas de
comportamento, conduzindo o sujeito a novas relações com o
meio social e consigo mesmo. Quando isso ocorre, o pensamento
e o comportamento produzem um salto de qualidade, pois um
novo modo de organização passa a dominar as interações entre o
sujeito e o contexto sociocultural em que está inserido. Surge o
pensamento mediado não apenas por instrumentos criados pelo
homem através da sua ação transformadora e controladora sobre
a natureza, como também por signos, elementos que representam
outros objetos, eventos ou situações e que são compreendidos
pelo autor como instrumentos psicológicos. Estes tornam pos-
sível ao sujeito planejar, projetar e (trans)formar a experiência.
Ao lado da linguagem oral, a brincadeira, para o autor, é uma
atividade tipicamente humana. Mas qual a relação entre brinca-
deira e desenvolvimento? Mais do que um fator de desenvolvi-
mento, Vigotski afirma que a brincadeira é a linha principal de
desenvolvimento da criança pequena.
Para o autor, as explicações do desenvolvimento humano
pautadas nas funções exclusivamente intelectuais ou biológicas
reduzem a criança a um ser teórico ou a um organismo, deixando
de lado dimensões fundamentais, como as emoções, os proces-
sos de significação, de criação e a própria atividade da criança
e as interações sociais que vão se constituindo por meio da sua
participação no mundo. A análise do caráter ativo, interativo e
criativo da brincadeira, segundo Vigotski, ajuda-nos a compre-
ender essas múltiplas dimensões do desenvolvimento.
