Brincar é coisa de criança, e de adulto também! - page 20

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Angela Borba
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
(Barros, 2010, p. 469-470)
A brincadeira, para Vigotski, faz parte do processo que, mais
tarde, implicará na construção da linguagem escrita, quando des-
cobrirá que esta é um sistema de signos que representam outra
realidade. O que se escreve, uma combinação de signos arbitra-
riamente inventados pela cultura, é um suporte para a memória e
a transmissão de ideias e conceitos sobre o mundo.
A brincadeira expressa um importante trabalho de criação, no
qual a imaginação inaugura uma nova forma de lidar com a realida-
de e de articular as experiências vividas, possibilitando novos modos
de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.
O olho vê
A lembrança revê
A imaginação transvê
É preciso transver o mundo
(Barros, 2010).
Para Vigotski (2008), a brincadeira da criança
[…] não é uma simples recordação do que vivenciou, mas
uma reelaboração criativa de impressões vivenciadas. É
uma combinação dessas impressões e, baseada nelas, a
construção de uma realidade nova que responde às aspi-
rações e aos anseios da criança (p. 17).
Do mesmo modo que a criança cria na brincadeira, colocan-
do sua imaginação em ação, Vigotski afirma que ela também cria
no desenho, nas histórias de ficção orais e escritas, no teatro,
entre outras possibilidades.
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