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Brincar é coisa de criança, e de adulto também! O valor da brincadeira na vida e nos espaços de Educação Infantil
Outro aspecto diz respeito ao tempo. É preciso tempo para
brincar. Brincar sob as rédeas do relógio, do tempo cronológico,
confronta-se com a lógica temporal da criança, que é o tempo
da intensidade, da experiência, que é muito mais qualitativo que
quantitativo. Assim, a rotina deve acolher a brincadeira nas in-
terações, nos processos, nos acontecimentos, e não como busca
de resultados específicos e controlados.
Além das brincadeiras organizadas pelas próprias crianças, o
professor deve propor novas brincadeiras, de modo a ampliar seu
repertório. As brincadeiras tradicionais são um elo com a história
e a cultura, e contribuem para a formação cultural e humana:
piques, amarelinha, brinquedos cantados, adivinhas, jogos com
bola, entre tantos outros.
Além disso, é importante lembrar que a brincadeira não surge
do nada. Como já falamos antes, as crianças aprendem a brincar,
e suas brincadeiras se alimentam das referências e do acervo cul-
tural a que elas têm acesso, bem como das experiências construí-
das nas interações sociais. Para Vigotski, a ampliação das experi-
ências das crianças alarga suas possibilidades de criar e imaginar,
assim como a imaginação serve para aumentar o mundo.
Assim, quanto mais a criança viu, ouviu e vivenciou,
mais ela sabe e assimilou; quanto maior a quantidade de
elementos da realidade de que ela dispõe em sua expe-
riência […] mais significativa e produtiva será a sua ativi-
dade de imaginação (Vigotski, 2009, p. 23).
O professor deve acolher as ideias e os movimentos das brin-
cadeiras das crianças em torno de uma determinada temática,
organizando com elas, quando possível, novos espaços na sala
ou em outro local da instituição, para que ali desenvolvam