Brincar é coisa de criança, e de adulto também! - page 25

65
Brincar é coisa de criança, e de adulto também! O valor da brincadeira na vida e nos espaços de Educação Infantil
Outro aspecto diz respeito ao tempo. É preciso tempo para
brincar. Brincar sob as rédeas do relógio, do tempo cronológico,
confronta-se com a lógica temporal da criança, que é o tempo
da intensidade, da experiência, que é muito mais qualitativo que
quantitativo. Assim, a rotina deve acolher a brincadeira nas in-
terações, nos processos, nos acontecimentos, e não como busca
de resultados específicos e controlados.
Além das brincadeiras organizadas pelas próprias crianças, o
professor deve propor novas brincadeiras, de modo a ampliar seu
repertório. As brincadeiras tradicionais são um elo com a história
e a cultura, e contribuem para a formação cultural e humana:
piques, amarelinha, brinquedos cantados, adivinhas, jogos com
bola, entre tantos outros.
Além disso, é importante lembrar que a brincadeira não surge
do nada. Como já falamos antes, as crianças aprendem a brincar,
e suas brincadeiras se alimentam das referências e do acervo cul-
tural a que elas têm acesso, bem como das experiências construí-
das nas interações sociais. Para Vigotski, a ampliação das experi-
ências das crianças alarga suas possibilidades de criar e imaginar,
assim como a imaginação serve para aumentar o mundo.
Assim, quanto mais a criança viu, ouviu e vivenciou,
mais ela sabe e assimilou; quanto maior a quantidade de
elementos da realidade de que ela dispõe em sua expe-
riência […] mais significativa e produtiva será a sua ativi-
dade de imaginação (Vigotski, 2009, p. 23).
O professor deve acolher as ideias e os movimentos das brin-
cadeiras das crianças em torno de uma determinada temática,
organizando com elas, quando possível, novos espaços na sala
ou em outro local da instituição, para que ali desenvolvam
1...,15,16,17,18,19,20,21,22,23,24 26,27,28,29,30,31,32
Powered by FlippingBook