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Brincar é coisa de criança, e de adulto também! O valor da brincadeira na vida e nos espaços de Educação Infantil
A imaginação, entretanto, não é compreendida pelo autor
como algo dado
a priori,
mas como atividade humana produzi-
da pelo homem na experiência cultural de significar o mundo
em que vive. A imaginação se vincula estreitamente às capa-
cidades de planejamento e produção humana, mas precisa to-
mar forma em algum produto, através de uma palavra, um ob-
jeto, uma ação. A brincadeira seria a primeira forma de emer-
gência da imaginação.
Outro aspecto importante da brincadeira de faz de conta diz
respeito ao desenvolvimento da capacidade de agir de acordo
com a situação imaginária, ou seja, de modo coerente com os
significados dos objetos, com os papéis representados e as regras
e as relações que as crianças conhecem e interpretam sobre estes.
Assim, quando brincam de que uma é a filha ou o filho e outra é
a mãe ou o pai, as crianças terão que agir conforme a visão que
têm do que é ser pai, mãe, filho, filha, mulher, homem, menino,
menina, criança, adulto, e de acordo com o que sabem sobre as
relações que se estabelecem entre esses sujeitos.
Vejamos um exemplo:
Maria e Fábio brincam na biblioteca. Maria deita-se
em um sofá, parecendo querer relaxar. Fábio se aproxi-
ma, com um pequeno brinquedo de borracha na mão e
coloca-o no peito de Maria, fazendo “bum, bum, bum”,
imitando o som do coração. Passa o objeto por toda a
extensão da barriga de Maria, enquanto esta simula
expressão de dor. Pergunto: o que houve? Fábio diz que
Maria está com dor de barriga. Levanta-se e se afasta.
Logo retorna e faz um movimento com as mãos fingindo
cortar a barriga. Diz para mim: "Tirei o bebê". (Anotações
de campo, Creche UFF, G2
6
, 2011).
6
Na Creche UFF, G2 é o agrupamento que reúne crianças entre 3 e 4 anos.