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Simone Bibian
Invertemos a ordem escolar: em vez de utilizar essa poesia
para exercícios enfadonhos de fixação de palavras escritas com
“s” e “ç”, a gramática nos serviu de instrumento para usufruí-la
melhor, ampliando a possibilidade de significados do texto.
Dialogando com seus pares, mediada pelo professor, a criança
constrói sentidos, questiona e enriquece seu universo. Entender
como se estrutura um texto, levantar hipóteses sobre o que vai
acontecer, confrontar suas expectativas, desapontamentos, sur-
presas e lembranças despertadas com o outro: tudo isso é fazer da
escola um espaço de compartilhamento de experiências, é trans-
formar a leitura em atividade social.
O que fazer?
Na faceirice as palavrasme oferecem todos os seus lados.
Então a gente sai a vadiar com elas por todos os can-
tos do idioma.
Manoel de Barros
O espaço de leitura deve ser pensado para ser agradável:
livros ao alcance das crianças, num lugar onde elas possam
ler à vontade (sofá, rede, tapete, almofadas etc). A leitura de
livros e a contação de histórias da tradição oral pelo mediador
pode ser nesse espaço, ou no pátio, numa praça, na biblioteca,
num piquenique. O mediador pode guardar os livros a serem
lidos em caixas, malas, numa cartola de mágico, numa sacola
de pano, no avental com um bolsão. Pode estar com roupas
comuns, fantasiado, ou usar apenas um adereço como cha-
péu ou pedaço de tecido. Pode criar um clima mágico para
a contação acendendo uma vela, fazendo suspense com uma