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Literatura infantil: reflexões e provocações
caixa contendo algum elemento a ser usado no conto, can-
tando uma música, propondo uma adivinha, interagindo com
um fantoche. O mediador pode experimentar e encontrar seu
próprio estilo e o que melhor se adapta àquele grupo e mo-
mento específico.
Às vezes, é possível fazer uma leitura descompromissada, um
momento de encontro com a literatura por puro deleite. Bartolo-
meu Campos de Queirós (2008) diz que a escola tem dificuldade
com o que é feito por/com prazer: precisamos “cobrar pedágio”,
nada pode ser gratuito, tudo tem de ser medido, pesado, averi-
guado, cobrado. As atividades propostas a seguir têm o objetivo
de proporcionar mais possibilidades de fruição estética, nunca de
direcionar ou cobrar a leitura.
Ao ler um livro, as crianças podem, com a ajuda do pro-
fessor, levantar hipóteses sobre a história que vão ler, cada vez
mais baseadas em conhecimento literário: se achamos que é um
conto de fadas, o herói vai enfrentar muitas dificuldades até
obter o que deseja, geralmente torna-se rei. Se é uma fábula,
teremos animais que agem e pensam como gente, e uma lição
no final. Muitas histórias subvertem essa lógica (um príncipe
medroso, uma bruxa boa), mas a criança só vai usufruir da brin-
cadeira se conhecer bem o conto tradicional. Assim, as crian-
ças vão levantando hipóteses, que podem ser confirmadas ou
não ao longo da leitura. O mediador pode escolher um aspecto
e aprofundá-lo, trabalhar o mesmo assunto com vários livros,
combinar com as crianças qual livro será lido e o que será discu-
tido, escolher um autor ou ilustrador específico etc. Tais ques-
tionamentos servem para a criança elaborar e entender melhor
o texto literário.